Acordo hoje de manhã, e vejo na minha caixa de e-mails, um comunicado da Isabella sobre um artigo que fala sobre os "maraturistas": http://viagem.uol.com.br/ulnot/2009/11/23/ult4466u765.jhtm
Como muitos dos meus amigos sabem, antes deste blog Viajante Total, eu tinha um blog chamado Hideaki Maraturista, cujo assunto principal era corridas de rua e maratonas. Porém, que ao longo do tempo teve suas atualizações cada vez mais espaçadas no tempo, e, por fim, abandonado. Tudo bem, não sou o inventor deste termo, uma vez que na procura pelo Google, encontrei esta palavra numa reportagem de 2004, antes de eu me tornar atleta. Porém, acredito que fiz valer o nome do meu antigo blog.
Na linha de Chegada da Supermaratona de Rio Grande 2009 Foto: Júlio Cordeiro - Recife (PE) |
Na minha definição, "maraturista" é aquele que tem a maratona como um estímulo, um incentivo, ou na pior das hipóteses, uma desculpa para viajar. Porém, uma vez que se decidiu "ser maraturista" numa viagem, a missão é aproveitar o turismo ao máximo, sem fugir do foco, que é a maratona. E nem por isso, pode-se permitir que a maratona (e o desgaste) atrapalhe o seu turismo. Difícil? Talvez. Mas por mim, é algo divertidíssimo. Vamos analisar alguns pontos:
Vantagens de ser maraturista:- Bom, se você é um atleta ao ponto de correr uma maratona, provavelmente você tem um preparo físico acima da média. E isso faz toda a diferença numa viagem em si. Há menos chances de ficar doente durante a jornada, e por outro lado, se tem maior disposição para encaixar diversas atividades num mesmo dia. É possível economizar táxis, pois dependendo da distância, você pode ir a pé mesmo. Por outro lado, se o horário de partida do ônibus está perto, e ainda há uma pequena distância a percorrer para o terminal rodoviário, mesmo assim, você pode conseguir mais uns cinco minutinhos para terminar de comer a sobremesa do almoço, ou comprar um souvenir.
- Possibilidade de conhecer ou pisar em lugares de acesso restrito. Existem provas que são realizadas em condomínios fechados (como o Swiss Park, de Campinas), ou praias de difícil acesso (Castelhanos em Ilhabela). Ou mesmo atravessar a pé as pontes 25 de Abril ou Vasco da Gama, cruzando sobre o Tejo (Lisboa - Portugal).
- Dependendo da prova, os atletas têm diversas mordomias, como traslado gratuito entre diversos pontos estratégicos, como aeroporto, terminal rodoviário, hotéis oficiais, local da prova ou da retirada de kits, etc. Há provas em que basta mostrar o número de peito, e os transportes públicos se tornam gratuitos durante o fim de semana da maratona. Alguns hotéis oferecem preços promocionais, e, principalmente pós Maratona de Nova Iorque, você é muito respeitado pelos cidadãos locais, se você anda pela cidade usando a medalha de "finisher" da prova.
- Pode-se aproveitar melhor uma viagem solo. Tanto pela energia para carregar bagagens, tanto pelo hábito do atleta, de levantar cedo. Afinal, o viajante solo pode-se divertir muito acordando cedo. Mas à noite, as opções são mais restritas.
- Conhecer pessoas de locais diferentes, mas com mesmo interesse. Bom, isso não é privilégio do maraturista. Este tipo de encontro pode acontecer muito bem em Congressos também. Se você acaba conhecendo um atleta ou um pesquisador nativo, ótimo! Há grandes chances de descobrir aspectos da cidade, que você jamais teria contato, se fosse um visitante por conta própria. Se não, se seus novos colegas de viagem também são estrangeiros, vocês podem explorar a cidade, dispondo de vários pontos de vista diferentes.
- O próprio percurso da prova pode te ajudar a descobrir aspectos inusitados de uma cidade, que você provavelmente não perceberia numa situação convencional de turismo.
Swiss Park - Meia Maratona de Campinas 2009 |
Swiss Park - Meia Maratona de Campinas 2009
Desvantagens de ser maraturista:
- Não é recomendável exagerar no jantar, ou experimentar uma comida típica do local, na véspera de uma prova. Não que seja proibitivo, mas melhor não dar sopa pro azar. Seu sistema digestivo agradece.
- Não poder aproveitar algum programa exclusivo das manhãs de domingo (como a feira de artesanato em Buenos Aires).
Por fim, um maraturista não pratica "maraturismo". Este termo é utilizado para descrever situações em que um turista quer fazer de tudo, e encaixa diversas atividades num curto espaço de tempo. No final, além de não aproveitar quase nada, acaba exausto, interferindo inclusive nos dias seguintes de viagem. Isso não é curtir uma viagem. "Maraturista, SIM!! Maraturismo NÃO!!"
Ora, passar uma ou duas semanas num país, ou mesmo numa cidade antes totalmente desconhecidos e, ao retornar à sua casa, dizer que CONHECE tal cidade, é muita arrogância. Há muitos aspectos que caracterizam um destino turístico. Os costumes, os hábitos alimentares, o clima, a vegetação, os festivais e trajes típicos, o esporte, etc, etc. Não se pode fazer de tudo. É o que eu chamo de "Utopia do Viajante Total". Porém, acredito que, sendo maraturista, até mesmo um bate-e-volta de fim de semana, pode ser muito bem aproveitado para conhecer "alguns aspectos" do destino. O que não der pra fazer neste ano, é só voltar nos anos seguintes para cumprir. Afinal, geralmente os maratonistas desejam voltar algum dia para a mesma prova, para melhorar seu tempo, fazer um resultado melhor. Pelo menos no caso das provas nacionais.
Fala, senhor! Rsrs. E quando a gente pode dizer que conhece um local? Rsrsrs. Desculpe-me a ignorância!
ResponderExcluirGostei desta postagem. Ajuda na compreensão sobre maraturista. Mas acredito que acabo entrando na definição do maraturismo pois não chego a ficar mais de uma semana quando viajo para correr em determinador local.
ResponderExcluirForte abraço e obrigada por compartilhar esta postagem