Sempre defendi que a pizza italiana é mais saborosa que a paulistana. Até coloco como pontos a favor a criatividade dos nossos pizzaiolos e a fartura e variedade características das nossas pizzas paulistanas. Porém, o meu critério fundamental é a compatibilidade do alimento em relação ao seu ambiente de origem e/ou desenvolvimento. Acredito que cada alimento tem uma razão em surgir, ou ser adotado e aperfeiçoado numa determinada região. Seja simplesmente por causa da matéria prima, ou por causa do clima. Como um exemplo básico, em lugares muito quentes e úmidos, não se faz sucesso um prato quente e bem gorduroso. No caso da pizza italiana (e isso porque ainda não provei a napolitana legitima), a qualidade da matéria prima local: o frescor do tomate e a textura do queijo, são imbatíveis, e perfeitamente adequados ao clima mediterrâneo. E a simplicidade da pizza marguerita conta a favor.
Após uma longa introdução, corro o risco de entrar em contradição.
Afinal, a minha nova descoberta é o Deep-Dish Pizza, uma das adaptações da cidade de Chicago para este prato mundialmente famoso. Como diz o nome, é uma pizza feita num prato (ou melhor, uma panela) fundo, e tem borda de cerca de 3 polegadas (aproximadamente 7,5 cm) de altura, repleta de recheio (molho de tomate, queijo, carnes, verduras, cogumelos, cebola, pimentão, etc.). É praticamente impossível saborear sem talheres, pois a massa é fina para tanto recheio.
Tinha que ser invenção de um texano, que não se contenta com coisas pequenas. Ike Sewell, fundador da Pizzeria Uno, lançou este estilo de Pizza em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial. Fez muito sucesso ao longo da década, pois uma única porção alimentava varias pessoas, num período difícil pós guerra. De fato, uma porção pequena é suficiente para dois adultos. Não há azeite na mesa, mas o garçom oferece uma porção de óleo vegetal, suave e saboroso, muito diferente do que temos no Brasil, e que combina bem com a Deep-Dish Pizza.
Vale acrescentar que experimentei este prato num dia chuvoso em pleno inverno (janeiro) na “Cidade dos Ventos”, como é conhecida Chicago, com razão. Para “melhorar”, uma caminhada de quase 30 minutos, partindo da Sears Tower (atual Willis Tower), um dos pontos turísticos da cidade. Por fim, o tempo de espera até o prato ficar pronto também não é pouco, mas valeu a pena toda a jornada para ter esta nova descoberta gastronômica.
Perto da Pizzeria Uno, se localiza a primeira filial: a Due, fundada em 1955. Hoje em dia, pode se saborear o prato em diversos Estados, inclusive por Delivery.
Quanto a questão de qual é a melhor pizza do mundo para o meu paladar, temos um belo duelo entre a fartura (Chicago) e a simplicidade (Itália). Mas cabe questionar se a Deep-Dish Pizza pode mesmo ser considerada uma pizza. Por mais delicioso que seja, por mim, não saberia contra-argumentar, se alguém disser que “não é pizza”. Os napolitanos que o digam...
Pois é, Hideaki... num evento de gastronomia, no trabalho, um pesquisador japonês, ao ser questionado se os cones de "temaki" do Brasil poderiam ser chamados realmente de "temaki", ficou sem uma resposta palpável, mas exatamente por causa do parâmetro do que poderia ser chamado de tal, qual seria a diferença crucial para algo ser chamado ou não de temaki... e esta deve ser a polêmica dentro de sua cabeça quanto à pizza: o que é uma pizza, o que pode ser chamado de pizza... não saberia dar nome aos bois... mas uma pergunta que não quer calar: qual é a consistência desta massa fina do deep-dish pizza? É elástica? É mais parecida com a massa de um pão?
ResponderExcluirDepois que eu vi uma pizza quadrada, não vejo problema em dizer que esta versão também pode ser chamada de pizza.
ResponderExcluirNa minha opinião, pizza é o prato salgado mais gostoso que existe. No Paraíso (no Céu), tenho certeza que teremos pizza todos os dias rsrs
Valeu pela dica. Se algum dia eu passar por lá, vou tentar experimentar.
ua
muito boa mesmo !!!!!
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