quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Filme: Up in the Air (Amor Sem Escalas)


Depois de deixar a Isabella sozinha do blog por mais de dois meses, finalmente estou de volta. Fui pela primeira vez aos Estados Unidos, fiquei lá durante quase dois meses, passei por 25 estados (o que obviamente não quer dizer automaticamente que eu “conheço” 25 estados), e corri 12 maratonas em 6 estados. Mais de 500 km corridos nas provas, e mais de 20.000 km percorridos de carro ou avião. Uma viagem inesquecível.

Também foi a primeira vez que voei pela American Airlines (AA). Em dezembro, durante a minha viagem de ida de São Paulo para Dallas, sede da AA, onde eu faria conexão para Los Angeles, houve uma propaganda intensa de um filme chamado “Up in the Air” (Amor sem Escalas), protagonizado por George Clooney. Logo, vendo a American Way, revista de bordo da AA, descobri que o filme, baseado no livro homônimo, retrata a vida de um homem que vive viajando a trabalho, e uma das suas alegrias é acumular milhas, para ser um cliente diferenciado (programa de fidelidade). O filme tem uma substancial participação/exposição de empresas como Chrysler, Hertz, Hilton Hotels, além da própria American Airlines.

A seguir, alguns COMENTARIOS SOBRE O FILME. Não pretendo contar sobre a história em si. Mas é um filme que retrata um viajante, suas técnicas, suas manias, criticando, satirizando e estereotipando. Se você ainda não assistiu e quer sentir o gostinho de se identificar dentro do filme, NÃO siga adiante, pois pode conter SPOILER.

Além da sua profissão original, Ryan Bingham (George Clooney) ministra palestras motivacionais como o tema “O que você tem na sua mochila”? O componente concreto que forma esta analogia é baseada na sua experiência de passar boa parte da sua vida em aviões ou nos hotéis. Ele se mostra muito prático na hora de passar pelo Airport Security (detector de metais, etc). E no momento que ele viaja com sua nova colega de trabalho, não agüenta ver ela brigando com sua mala gigante e dá uma aula de “descarte”, começando pela compra de uma mala pequena.

Foi divertido ver este filme, pois passei por diversos lugares e situações mostrados durante seus 109 minutos. Primeiro filme que assisto após conhecer in loco, a cultura norte-americana, entendi várias sacadas que passariam despercebidas antes da minha viagem. Sem falar da localização geográfica e aspectos climáticos das diversas cidades. A cada “motel” (que nos EUA significa motor + hotel, ou seja, hotel para viajantes de carro) que nós passávamos, ficava curioso em me inscrever nos programas de fidelidade para acumular pontos. Atualmente, tenho apenas o A❘Club, da rede Accor Hotels.

No filme, há uma cena em que se faz uma disputa de quem tem mais cartões de fidelidade, ou cartões mais valiosos. Coisas que, se por um lado são claramente úteis, vendo desta forma, parece tão insignificante, principalmente quando ocorre uma inversão de valores, nos tornando “escravos” dos programas de fidelidade.

Um trecho de diálogo que me chamou muita atenção, foi quando as personagens começaram a falar seus destinos usando códigos dos aeroportos. Por exemplo, dizer que viajei de GRU para MIA, pra dizer que viajei de Guarulhos para Miami, ou que o meu itinerário foi de VCP para NVT, quando saí de Viracopos, com destino a Navegantes. Bela sacada. Também dei muita risada com a citação: “Por que não gosto da (locadora de carros) Hertz? Porque não há garantia de ter GPS”. Não que os demais serviços da empresa sejam ruins, muito pelo contrário. Mas este foi um aspecto que tivemos problemas.

Se por um lado as manias dos "viajantes" é bem ilustrada no filme, há também a mania dos "não viajantes". Existem pessoas que não podem viajar, mas isso não as impede de ter fotos personalizadas do mundo todo. Um leitor da revista Viagem e Turismo faz algo semelhante ao que acontece no filme, mas usando um carrinho de brinquedo.

Destaco também a homenagem feita ao filme ao Aeroporto Internacional de Lambert-St. Louis, Missouri, pela sua importância na História da Aviação.

Um aspecto curioso é a tradução que este filme recebeu em diversos países. Sinceramente, entendo que a tradutora brasileira “viajou” em colocar o título como “Amor sem Escalas”. Em Portugal, o título é “Nas Nuvens”, como o “Tra le Nuvole”, italiano. Acho que o “My Mileage, My Life” do Japão, é o que mais pegou o espírito da história, nos casos em que não se adotou o título original. Em tempo, “programa de milhagem” em inglês se chama “Frequent-flyer Program” (FFP).

(...)

Bom, após assistir ao filme e escrever esta breve resenha, pesquiso notícias sobre o filme e descubro que é um dos indicados ao Oscar®. De fato gostei muito deste filme, mas fico com uma pontinha de impressão de que a concorrência deixa a desejar, para este filme ser indicado para Melhor Filme. A grata surpresa foi a atuação de Anna Kendrick, que nas breves aparições em “Crepúsculo”, notei apenas como um “rosto bonitinho”, mas dá um show de interpretação neste filme.